Coluna – Os fatos que farão a edição 2020 do Brasileiro inesquecível

Pela primeira vez o título será disputado entre os primeiros colocados

Demorou para começar e também para que fosse conhecido o campeão. Ao contrário dos últimos oito anos, nos quais o título foi definido com antecedência, a edição do Brasileirão pode repetir o que aconteceu em 2011, quando o Corinthians só pôde festejar na última rodada. Em 2016 e 2018, o Palmeiras levantou a taça na penúltima, fato que pode se repetir domingo, se o Internacional vencer o Flamengo no Maracanã. Mas, ao contrário daqueles anos, e, aliás, de todos os outros desde a implantação dos pontos corridos, o título estará em jogo numa partida que reúne o líder e o vice-líder da competição. Isso é inédito.

São algumas das lembranças que teremos desse Brasileiro, marcado principalmente pela pandemia do novo coronavírus (covid-19), que afastou o público dos estádios e, certamente, também afetou o desempenho de muitas equipes. Ou vamos esquecer que, durante o campeonato, várias delas sofreram com desfalques por contaminação?

Porém, esse Brasileiro também será lembrado pela irregularidade dos times, o que também pode ter sido causado pela covid, mas não podemos atribuir apenas a ela os muitos erros que vimos em campo. Houve um momento em que pareceu que ninguém queria ser campeão, tantos foram os resultados surpreendentes em jogos envolvendo as equipes consideradas favoritas.

Mas agora, a duas rodadas do fim, temos dois times brigando diretamente pelo título, e o São Paulo ainda tentando algo, na dependência do resultado que terá sexta-feira (19), em jogo atrasado contra o Palmeiras (se empatar, não terá mais chance alguma de ser campeão). Se olharmos as campanhas, podemos ver que foram bem distintas ao longo do campeonato, o que torna curioso chegarem à 36ª rodada tão iguais.

A primeira vitória do Flamengo em casa foi apenas na 8ª rodada. O Internacional marcou seis pontos de cara. O Rubro-Negro perdeu apenas dois pontos para os times que, no momento, ocupam o Z4 (empatou com o Botafogo, no primeiro turno). Já o Colorado foi derrotado pelo Goiás, no turno, e empatou com o Coritiba em casa, no returno. Cinco pontos no total.

Flamengo e Internacional empataram em 2 a 2, mas contra os times do alto da tabela, caso houvesse necessidade do critério do confronto direto, o Flamengo perdeu duas vezes para o Atlético-MG e levou de 4 a 1 do São Paulo, no Maracanã. Já o Internacional venceu e empatou tanto com o Galo como com o Tricolor paulista, que aliás goleou por 5 a 1, no Morumbi, resultado que lhe deu a liderança do Brasileirão.

Não custa lembrar que Abel Braga e Rogério Ceni assumiram os times com o  Brasileiro em andamento. E, um novo fato curioso, cada um tem 16 jogos, com 10 vitórias, 3 empates e 3 derrotas, aproveitamento de 68,7%.

Nesta década, apenas em 2011 a vantagem do campeão para o vice foi de dois pontos, no caso do Corinthians para o Vasco. Em 2009, também foram dois pontos, do Flamengo para o Internacional. E naquele ano o time carioca, com 67 pontos, teve a pontuação mais baixa de um campeão na era dos pontos corridos. Mas é do Flamengo, de 2019, a maior da história também, com os 90 pontos do time de Jorge Jesus.

Flamengo e Internacional são algumas das poucas equipes que conquistaram o bicampeonato consecutivo do Brasileiro, desde 1971 (a CBF reconheceu os campeonatos anteriores, mas a forma de disputa era muito diferente). O São Paulo é o único tricampeão, de 2006 a 2008. Na lista estão Cruzeiro, Corinthians e Palmeiras. Se der Colorado, os gaúchos vão quebrar um jejum de 40 anos sem título (o Internacional nunca foi campeão nos pontos corridos). Se der o Rubro-Negro, ele vai se tornar o primeiro com dois bicampeonatos.

Quem vai deixar sua marca nessa história?

* Sergio du Bocage é apresentador do programa No Mundo da Bola, da TV Brasil.

Por Sergio du Bocage*

Edição: Fábio Lisboa

Fonte: Agência Brasil

 

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