Universalização do saneamento promete revolucionar setores da economia, principalmente a indústria
São esperados investimentos superiores a R$ 308 bilhões nos próximos quatros anos, movimentando diversos setores, como construção civil, máquinas e equipamentos, eletroeletrônicos e indústria química
Nos últimos dois anos, graças ao marco do saneamento básico e aos leilões realizados, o setor já recebeu a garantia de R$ 46 bilhões em investimentos. E a estimativa para os próximos quatro anos, segundo a Associação Nacional das Concessionárias Privadas de Serviços Públicos de Água e Esgoto (Abcon), é de R$ 308 bilhões. O montante vai garantir água e esgoto tratado a mais 27 milhões de brasileiros e movimentar diversos setores, principalmente a indústria.
Como o déficit de saneamento é muito grande no Brasil, a necessidade de investimento também é, daí a necessidade estimada de R$ 893 bilhões para universalizar os serviços de água e esgoto em todo o país até 2033. E quanto mais é necessário investir, mais os diversos setores da economia são demandados.
Os R$ 46 bilhões já garantidos para o setor são provenientes de leilões que licitaram, entre outros, três blocos em Alagoas, quatro no Rio de Janeiro, boa parte do esgoto do Mato Grosso do Sul e do estado do Amapá. A expectativa, segundo levantamento da Abcon, é de geração de 1,26 milhão de empregos, sendo mais de 669 mil apenas na indústria.
Percy Soares Neto, diretor executivo da Abcon, explica que neste primeiro momento o saneamento básico vai movimentar diversas indústrias que fornecem maquinários, tubulações, ferro e equipamentos eletrônicos.
“Nós temos dois momentos no saneamento que são importantes. O primeiro é a construção civil, o momento do investimento. No investimento nós vamos ter uma intensidade importante na construção civil, no setor de máquinas e equipamentos, no setor de eletroeletrônicos, setores de tubos e conexões, setores de ferro. O saneamento encomenda muito nesses setores da economia. Esses são os setores principais”, enumera.
Segundo o diretor, devido à capilaridade do saneamento e uma relevante cadeia produtiva, a participação da indústria não para por aí. Em um segundo momento, quando as estações já estiverem operando, a indústria química será ainda mais demandada.
“Então, eu faço o investimento, eu coloco as redes, eu construo as estações de tratamento de água e esgoto, recupero algumas redes que estão velhas, troco alguns equipamentos que estão obsoletos, E na hora da operação, do dia a dia do setor de saneamento, aí aparece o setor da indústria química com um protagonismo extremamente importante”, explica Percy. “Porque o insumo químico é fundamental para o tratamento da água para que as pessoas possam consumir. Cloro, sulfeto, sulfato. Os produtos químicos assumem um protagonismo diferente.”
Entre 2020 e julho de 2022, foram realizados 18 leilões da área de saneamento. Estão em estruturação, ao menos, 26 leilões de parcerias entre governos e iniciativa privada para prestação de serviços no setor. O investimento previsto para ser contratado a partir dessas futuras licitações é estimado em outros R$ 21,7 bilhões. A população atendida é calculada em 14,4 milhões.
Segundo estimativas da Abcon, para se alcançar a universalização dos serviços preconizados pelo marco do saneamento até 2033, além dos R$ 308 bilhões dos próximos quatro anos, são esperados investimentos de R$ 585 bilhões entre 2026 e a data estipulada para que 99% da população tenha acesso a abastecimento de água e 90%, a coleta e tratamento de esgoto.
Fonte: Brasil 61